Em crise pela fuga de passageiros, companhia de transportes da metrópole, pede ajuda a Washington para evitar a parada de seus trens, ônibus e balsas:

Em crise financeira desde o início da pandemia, a Autoridade de Transporte Metropolitano de Nova York (MTA) ameaça adotar um plano “apocalíptico” se não receber a ajuda de US $ 12 bilhões (cerca de 64 bilhões de reais) que solicitou ao governo de Washington. Entre as medidas, a MTA poderá reduzir os serviços de metrô e ônibus na cidade em até 40 por cento.

Operadora dos ônibus, metrô, trens e barcas da região de Nova York, a MTA projeta um déficit de US$ 16,2 bilhões até 2024, depois que a pandemia do coronavírus destruiu sua receita operacional virtualmente da noite para o dia. O número de passageiros no metrô, que despencou 90% em abril, atingiu apenas um quarto dos níveis habituais, mesmo com a crescente volta ao trabalho dos novaiorquinos.

O plano aponta um futuro desolador para os passageiros: o tempo de espera aumentaria em oito minutos no metrô e em 15 minutos nos ônibus. Além disso, os trens urbanos da Long Island Rail Road e Metro-North operariam em intervalos de 60 ou 120 minutos. Mais ainda, a modernização dos sistemas de sinalização do metrô, que têm sido a fonte de muitos atrasos, seriam descartadas.

Originalmente, em abril, a MTA havia pedido US $ 3,9 bilhões às autoridades federais para cobrir suas perdas operacionais até o final deste ano, mas agora argumenta que precisa de US $ 12 bilhões para cobrir seu déficit até o final do ano que vem.

Para efeito de comparação, a American Public Transportation Association pediu um total de US$ 32 bilhões no próximo pacote de estímulo para as agências de transporte de todo o país. Algumas delas já começaram a cortar trabalhadores e a reduzir serviços, mas em Nova York as autoridades hesitaram em tomar quaisquer medidas de redução de custos que afetariam imediatamente os passageiros.

Fazer qualquer um dos cortes drásticos teria um alto custo político para o governador (democrata) Andrew M. Cuomo, que controla o MTA e que nos últimos anos se posicionara como o único capaz de salvar o sistema de metrô. Em uma coletiva de imprensa, Cuomo disse que a própria crise financeira do estado prejudica sua capacidade de ajudar a MTA se o auxílio federal não for concedido ao sistema de trânsito e ao estado em geral.

“O futuro da MTA e da região de Nova York está inteiramente nas mãos do governo federal”, disse o presidente da agência, Patrick J. Foye, na quarta-feira passada (26). “Sem esse financiamento federal adicional, seremos forçados a tomar medidas draconianas, cujo impacto será sentido em todo o sistema e na região nas próximas décadas”.

Parada em obras e demissões:


Os projetos de infraestrutura, como a extensão de algumas linhas estratégicas, seriam interrompidos indefinidamente. A compra de uma nova frota de ônibus elétricos e de novos vagões do metrô, bem como a adição de elevadores às estações para torná-los mais acessíveis, também seriam adiados. Além disso, a agência eliminaria um programa amplamente aclamado que fornece veículos acessíveis sob demanda para clientes de transporte público. Por fim, as tarifas seriam aumentadas em 1% e os pedágios em um dólar, acima dos aumentos já programados para 2021 e 2023.

O sindicato “Transport Workers Union Local 100”, que representa a maioria dos trabalhadores da MTA, também lamentou a possibilidade de reduzir a força de trabalho:

“Os trabalhadores do transporte carregaram esta cidade e o estado nas costas durante a pandemia mortal, arriscando sua própria saúde e vidas”, disse o presidente do sindicato, Tony Utano, em um comunicado. “Demissões seriam uma traição vergonhosa inimaginável.”

Imagem: Patrick Cashin / MTA New York City Transit

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