Segundo trabalho do estudante da FGV, João Rodrigues, as chamadas shortlines têm potencial no Brasil e ajudaram EUA e Canadá a enfrentar crise do setor ferroviário na segunda metade do Século XX

ADAMO BAZANI

O Brasil tem pelo menos 15 mil quilômetros de faixas ferroviárias que podem ser oportunidades para novos investidores no setor e de expansão do transporte, em especial de cargas, sobre trilhos.

A constatação é fruto de um trabalho de pesquisa do estudante da administração da FGV – Fundação Getúlio Vargas, que acompanha o setor, João Rodrigues.

Este trabalho resultou em um livro chamado “Ferrovias, mercado e políticas públicas: As shortlines como solução para o transporte ferroviário no Brasil”

Segundo a apresentação do trabalho, foi o modelo de desregulamentação do setor com a criação de ferrovias de médio e pequeno portes uma das saídas para enfrentar a crise que atingiu as operações nos Estados Unidos e Canadá na segunda metade do século XX.

Em meio à forte crise enfrentada no setor ferroviário na segunda metade do Século XX, uma das medidas adotadas pelos governos dos Estados Unidos e Canadá foi uma ampla desregulamentação que incentivou o desenvolvimento das ferrovias de pequeno e médio porte (shortlines), para permitir a entrada de novos empresários no mercado. Decorridos quarenta anos, as shortlines trouxeram novos investimentos no mercado, principalmente reaproveitando ramais descontinuados pelas grandes companhias ferroviárias. Hoje, (as shortlines) representam cerca de 25% do volume de carga transportado nesses países e possuem para mais de 10.000 clientes um papel essencial em sua cadeia de suprimentos e no acesso ao mercado global.

Ainda na descrição, João Rodrigues explica que o modelo adotado nas privatizações ocorridas a partir dos anos 1990 ficou apenas nas grandes operações e muitos ramais secundários ficaram abandonados porque não eram interessantes para as grandes transportadoras.

“Aqui no Brasil, existem disponíveis pelo menos 15 mil quilômetros de faixas ferroviárias com potencial para operação por shortlines – sem considerar linhas novas que ainda pode ser construídas nesse modelo de negócios. Desde as privatizações realizadas na década de 1990, se investiu muito nas operações de alta densidade, principalmente no transporte de commodities (algo essencial para um país majoritariamente agrícola), mas houve muito pouco espaço para a construção de novas ferrovias e o aproveitamento dos ramais secundários que não interessavam às principais transportadoras”

Uma das consequências deste modelo, segundo o trabalho, é que o transporte de cargas gerais se tornou inviável no modal ferroviário.

“Esse cenário afastou as cargas gerais das ferrovias, tornando muitas cadeias de suprimento dependentes do modal rodoviário. Visando enriquecer a pertinente discussão da retomada de investimentos e diversificação do transporte ferroviário no País, Ferrovias, Mercado e Políticas Públicas: As shortlines como solução para o transporte ferroviário no Brasil apresenta um profundo estudo histórico e econômico do desenvolvimento ferroviário no Brasil e na América do Norte, desde o surgimento das primeiras estradas de ferro até as desregulamentações do final do Século XX.”

João Rodrigues acha que Brasil não aproveita adequadamente ferrovias para cargas gerais

Matéria de Adamo Bazani (Diário do Transporte).

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