Assim como foi feito na Segunda Guerra Mundial e no decorrer da Guerra Fria, a Rússia utiliza sua ferrovia para posicionar estrategicamente suas tropas em um movimento militar de larga escala. Dessa vez, o posicionamento está na fronteira com a Ucrânia. A Rússia conta com aproximadamente 95 mil km em extensão de ferrovia ativa, sendo operada em 80% do transporte de passageiros e 82% do transporte de cargas pela empresa estatal RZD (ferrovias russas).
O país que toma quase 17.130.000 km² do território mundial, e ocupa a terceira posição de país com maior extensão em ferrovias, mostra ao mundo qual a importância da aplicação do modal ferroviário em transporte de grandes volumes para grandes distâncias.
A estratégia do exército russo é avançar com as tropas via Bielorrússia, isso para encurtar o caminho até a fronteira com a Ucrânia, já que os países, Rússia e Bielorrússia, possuem um sólido acordo militar de cooperação. A via férrea que atravessa a Bielorrússia cabe como uma luva para a movimentação das tropas russas.
Durante essa semana, dezenas de vídeos foram postados em redes sociais, e mostram tanques, artilharia e veículos blindados russos rumando para a fronteira com a Ucrânia. A movimentação militar russa ocorre após a edição do Decreto nº 117/2021 pelo presidente ucraniano.
Basicamente, o decreto torna a política oficial do governo da Ucrânia a retomada da Crimea.
Como a Rússia considera a Crimea território russo, restaria a Ucrânia tomá-la à força.
O comandante do Exército da Ucrânia, General Ruslan Khomchak, disse dia 25/01/2022, que a Rússia implantou 28 grupos táticos próximos da fronteira leste da Ucrânia e na Crimea, o que totalizaria 20.000-25.000 soldados. Atualmente estima-se que o total seja de 120 mil soldados no local.
A concentração de forças russas também é observada por fontes do New York Times entre as autoridades americanas. De acordo com o New York Times, o Comando Europeu dos EUA elevou o nível de ameaça de uma “possível crise” para uma “potencial crise iminente”, ou seja, ao nível mais alto.
Devem ser notados relatos de exercícios em grande escala no Distrito Militar do Sul e na Crimea.
Ferrovia x Hackers:
Um grupo de hackers, conhecidos como Cyber-Partisans, assumiu a autoria de um ataque hacker ao sistema ferroviário de Belarus (ou Bielorrússia) para impedir que a Rússia envie tropas pelo seu aliado até a fronteira com a Ucrânia. Os hackers fizeram duas exigências para devolver o acesso aos dados sequestrados do sistema ferroviário. Nos últimos dias, aumentou a tensão e a possibilidade da Rússia invadir a Ucrânia, ex-integrante da União Soviética e que já teve a Crimeia invadida pelo seu ex-aliado.
Mais uma vez a ferrovia demonstra sua importância em todos os setores de um país, principalmente sendo um país de larga extensão territorial.