AEI. Três letras para a sigla em inglês Automatic Equipment Identification – o sistema de reconhecimento eletrônico em uso na indústria ferroviária norte-americana que utiliza tecnologia RF para identificar equipamentos ferroviários durante a rota. SCCF, quatro letras para a sigla em português Sistema de Controle de Componentes Ferroviários, também conhecido como AEI.
Apenas uma letra a mais, questão de tradução? Não exatamente. O fato é que o SCCF é mais completo e considerado bem mais abrangente – e é isso que vou explicar, mostrando desde o começo como podemos melhor entender a importância dessas três ou quatro letras. Vamos lá.
Uma empresa de logística ferroviária pode possuir centenas de locomotivas de vários modelos que precisam de diferentes tipos de manutenção em tempos também diferentes. Essas mesmas empresas possuem, em muitos casos, milhares de vagões também dos mais variados tipos, idades e condições, e que também precisam de manutenção. Além de saber quando fazer a manutenção desses preciosos ativos, é necessário também ter conhecimento sobre qual trecho da ferrovia cada um se encontra e o que está transportando. Este controle pode ser feito puramente por software de controle no CCO (Centro de Controle Operacional), por câmeras com identificação automática ou até mesmo por GPS (Global Positioning System). Mas, tendo implantado centenas de sistemas desses mundo afora, posso dizer que nenhum é tão confiável quanto o controle por TAGs com a tecnologia RFID (acrônimo para Radio-Frequency IDentification ou, em português, Identificação por Rádio Frequência) – o que nada mais é que o controle por pequenas etiquetas metálicas com pequenos circuitos eletrônicos internos que, estimulados por um campo eletromagnético, transmitem informações gravadas sobre o ID de cada vagão, tamanho, modelo, número de eixos e o que mais for preciso identificar.
Na prática, funciona assim: ao longo da ferrovia são instalados antenas e leitores que identificam quando uma composição ferroviária passa por aquele trecho, identificando por sua vez cada um de seus componentes e transmitindo essa informação ao Centro de Controle. As melhores tecnologias têm erro praticamente zero (ou 0,01%, para ser exato). Essas TAGs, ou etiquetas magnéticas, duram incríveis 300 anos (as melhores marcas), não exigem manutenção porque não precisam de bateria e são a única forma de os centros de controle ter certeza de onde estão seus ativos na ferrovia e conseguir extrair inúmeros indicadores de performance para aumentar a produtividade do sistema logístico.
As empresas mais preocupadas e proativas em relação aos seus ativos e metas possuem etiquetas inclusive nos COMPONENTES (daí a letra a mais, e que faz toda a diferença, na sigla SCCF) dos vagões e locomotivas, a exemplo de eixos (rodeiros), rodas e partes do trem. Com isso é possível saber sem sombra de dúvida qual determinado eixo de determinado vagão já rodou tantos milhares de quilômetros e precisa ir para manutenção antes que quebre e cause um acidente ferroviário. Esse é o SCCF, o Sistema de Controle de Componentes Ferroviários, que deveria ser adotado por grandes empresas de logística e mineradoras que precisam transportar seus produtos por suas malhas ferroviárias. O problema é que a maioria não o faz. Ou quando faz, usa TAGs de baixo custo e qualidade, perdendo o controle de seus ativos após os primeiros anos (senão meses) de uso.
O uso somente de software de controle ou câmeras tem baixíssima confiabilidade. Aliás, a utilização de câmeras em ferrovias é indubitavelmente o primeiro sistema a falhar por conta do ambiente hostil das malhas ferroviárias (vibração intensa e poeira). E o uso de GPS (sigla de Global Positioning System, ou Sistema de Posicionamento Global) ainda é caro e impreciso para aplicação de AEI ou SCCF. Primeiro porque necessita de bateria, e segundo porque a utilização ficaria limitada às locomotivas, uma vez que é impossível colocar um GPS em um eixo de vagão.
Uma composição ferroviária implica em investimentos vultosos e aquilo que transporta também é valioso demais para não se pensar em ter um controle completo de ativos. Além do mais, levando-se em conta que são as melhores tecnologias existentes até o momento, as soluções de RFID são incrivelmente baratas e valem cada centavo do investimento. Fica a dica!
* Wilson Antunes é empresário e especialista em automação metro-ferroviária, com formação em Engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas.
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Wilson Antunes – Empresário e especialista em automação metro-ferroviária, sócio e diretor comercial da IntertechRail
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