Em um encontro nesta terça-feira (11), executivos da GT Ferrovias, da Rumo Logística e uma comitiva do governo federal, formada por integrantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do Ministério de Infraestrutura e Ministério da Economia, discutiram os planos de ampliação e modernização da malha ferroviária do Paraná. O encontro aconteceu na sede da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

Estiveram na pauta a Nova Ferroeste e a renovação da Malha Sul, sob responsabilidade da Rumo Logística.

A Nova Ferroeste deve passar por 49 cidades do Paraná e ligar o município de Maracaju, no Mato Grosso do Sul, ao Porto de Paranaguá. Serão 1.285 quilômetros de extensão de uma nova malha ferroviária desenvolvida para escoar a produção dos dois estados, o Corredor Oeste de Exportação. Somente em 2020, foram movimentadas pela malha ferroviária paranaense 1,38 milhão de toneladas de produtos, 21,3% a mais que em 2019, a maior parte açúcar, soja e milho. A Nova Ferroeste terá capacidade de transportar 38 milhões de toneladas por ano.

Já a concessão de uso de parte da atual ferrovia pertence à empresa Rumo Logística, que tem autorização para operar até 2027. A empresa pretende antecipar a renovação da concessão. Para isso, realiza estudos de revitalização da chamada Malha Sul, que compreende os três estados do sul, com 7.223 quilômetros de extensão.

O Ministério de Infraestrutura prevê que nos próximos 10 anos 30% da produção agrícola e industrial seja movimentada por ferrovias. “O Ministério tem acompanhado todo projeto, todo investimento no setor de ferrovias, de maneira bem próxima. Queremos ter resultados que coloquem o Brasil como líder na América Latina nesse segmento”, explicou André Ludolfo, coordenador de Outorgas Ferroviárias do Ministério de Infraestrutura.

A execução dos dois projetos, em especial a Nova Ferroeste, vai abrir novas fronteiras e investidores, e gerar outros corredores de negócio. “A gente vem trabalhando um pouco na parte técnica em si, em cada um dos dois projetos, e ao mesmo tempo tentando enxergar a visão externa, do possível investidor de cada projeto e tentando unir tudo isso num objetivo maior melhorando para todos essa infraestrutura”, resumiu a assistente técnica do Ministério da Economia, Maryane Araújo.

Em junho de 2020, a publicação do decreto estadual nº 5.076/2020, previu a criação de um grupo de trabalho que visa a elaboração de um Plano Estadual Ferroviário designado a propor diretrizes para a desestatização e o desenvolvimento sustentável dos serviços de transporte ferroviário. A equipe é composta por representantes de cinco secretarias do Governo do Paraná, podendo consultar ou estabelecer acordos com outras unidades da federação e com o governo federal.

A importância em avançar nos dois projetos foi destacada pelo coordenador do Grupo de Trabalho do Plano Estadual Ferroviário, Luiz Henrique Fagundes. “Sem uma ferrovia moderna, que possa atingir o estado como um todo, e o Mato Grosso do Sul e mesmo o Paraguai, a gente pode estar comprometendo seriamente o futuro”, disse. Segundo ele, o Governo do Estado foi convidado a participar das discussões técnicas da renovação antecipada da Malha Sul.

Uma das principais mudanças é a combinação de distâncias entre os trilhos, chamadas de bitolas, que permite o transporte de cargas mais pesadas, como o carregamento de dois contêineres, um em cima do outro (double stack). Essa transição do modal ferroviário vai atender melhor a demanda de escoamento de cada uma das regiões do Estado e reduzir o custo logístico.

“A Rumo olha para o Paraná como um dos grandes estados para seus investimentos estratégicos a longo prazo. O Estado tem demonstrado um altíssimo gabarito técnico”, disse o representante da Rumo Logística, Danilo Veras.

“Uma ferrovia de baixo custo operacional e alta capacidade de transporte vai fazer com que o produtor e a indústria do Paraná possam ser mais competitivos”, destacou João Arthur Mohr, gerente de Assuntos Estruturais da Fiep.

Uma equipe formada por engenheiros e economistas da Secretaria de Estado do Planejamento e Projetos Estruturantes acompanhou a comitiva do Distrito Federal no Porto de Paranaguá para conhecer o Terminal de Contêineres e avaliar locais para a futura instalação de um terminal ferroviário de carga no município.

Para Anderson Murbach, assessor técnico do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes, a iniciativa privada e o poder público devem trabalhar juntos no planejamento dessa nova ferrovia. “A ideia é a sinergia entre todos os órgãos, junto com as prefeituras e criar um projeto que atenda melhor a todos”, afirmou.

O caminho a ser seguido pelos trens entre Maracaju e Paranaguá, de acordo com os estudos, terá influência direta em 425 municípios (925 indiretamente) dos três estados brasileiros: Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. A área representa cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, estimado em R$ 206 bilhões.

O alcance chega ao Paraguai (114 municípios e 39% da população) e Argentina (38 municípios e 1,2% da população). No total, terá impacto em 9 milhões de pessoas.

A previsão é de que os estudos de viabilidade da Nova Ferroeste sejam finalizados em setembro e os de impacto ambiental sejam concluídos em novembro. A expectativa é colocar a ferrovia em leilão na Bolsa de Valores do Brasil (B3), com sede em São Paulo, logo na sequência. O consórcio ou empresa que vencer será responsável pelas obras.

***O artigo possui informações oficiais do Governo do Paraná

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