O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) deverá fazer uma inspeção para avaliar o impacto de um incêndio num vagão ferroviário construído há 67 anos e que era alvo de uma associação de preservação.

Utilizado no passado pela Estrada de Ferro Sorocabana, o vagão foi destruído por um incêndio no último dia 7. O veículo estava estacionado nas dependências da oficina de Mairinque, em área operacional da concessionária Rumo, e era alvo da Sorocabana para fazer parte do acervo da associação.

Questionado pela Folha, o Dnit informou que fará a vistoria no vagão para avaliar o impacto do fogo e, então, dará um parecer sobre a possibilidade de sua recuperação.

Presidente da Sorocabana – Movimento de Preservação Ferroviária, Eric Mantuan disse que está aguardando a data para a inspeção e que ainda não houve o agendamento da visita pelo Dnit. “Aguardamos uma manifestação deles para realizarmos uma vistoria em conjunto”, afirmou.

De acordo com o Dnit, o órgão tem buscado parcerias junto às entidades e prefeituras para cessão e doação de bens ferroviários sobre os quais não tem interesse.

“No caso do carro incendiado, já existia uma tratativa com a Sorocabana para a conclusão do processo, tendo sido realizada, inclusive, a inspeção e elaboração de relatório fotográfico de ficha de inspeção em novembro de 2019. Restava apenas a elaboração de relatório de avaliação para formalização da cessão, com a assinatura do termo de cessão e a respectiva publicação, para assim, poder autorizar a transferência do carro de passageiro para o pátio indicado pela Sorocabana”, diz trecho de comunicado do Dnit.

O órgão federal informou ainda que a Sorocabana tem processo de solicitação de cessão de carros de passageiros desde 2015, mas o carro incendiado não constava na relação inicial.

O vagão foi utilizado após a concessão das ferrovias brasileiras pela Ferroban –que operou entre 1998 e 2002– para transportar suas equipes de mecânica e, depois, foi devolvido à União, via Dnit. A Rumo informou que, a pedido da associação, enviou ao governo federal pedido para transferência do ativo, mas não houve resposta.

Mantuan disse que a Rumo tinha levado o veículo para uma linha abandonada da oficina, com vigilância deficiente e não se movimentou com o objetivo de impedir uma “tragédia anunciada” como o incêndio, apesar de ter recebido alertas da associação.

Considerado luxuoso, o vagão chegou a ter camas, cabines, cozinha, lustres e lavatórios intactos, mas tudo foi sendo consumido pelo descaso, conforme a associação.

O presidente da entidade afirmou que vai impetrar uma ação civil pública, em que pedirá a designação de um perito especialista em restauração para avaliar os custos necessários para recuperar o carro de passageiros.

A Rumo informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o carro de passageiros pertence ao Dnit e não é arrendado à concessionária.

Conforme a empresa, o vagão estava devidamente estacionado no pátio ferroviário de Mairinque e, a pedido da associação de preservação, a empresa encaminhou ao Dnit uma solicitação para transferência do ativo do local, mas não obteve resposta.

“A empresa mantém vigilantes que realizam rondas periódicas, mas é importante ressaltar que as equipes não têm poder de polícia”, diz trecho de nota da concessionária.

A empresa ainda informou que após o incêndio o Corpo de Bombeiros foi acionado para atuar no combate e que registrou boletim de ocorrência na polícia e está contribuindo com as investigações.

ACERVO

Hoje, o acervo da associação de Sorocaba é composto por 5 locomotivas (2 diesel, 2 elétricas e 1 diesel-mecânica), 10 carros de passageiros e 3 vagões de carga. Tem, ainda, convênio com a prefeitura para operar a fazer a manutenção de uma locomotiva a vapor (maria-fumaça).

Desses, estão em condições de operar hoje 2 locomotivas e 1 carro de passageiros. Os demais necessitam de restauro.

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