Em audiência pública no Norte de Minas, Comissão de Minas e Energia destacou o potencial da cidade na reformulação da matriz energética.

Empresários e representantes de entidades civis enxergam o papel fundamental da reconstrução da ferrovia Bahia-Minas no aproveitamento do potencial energético de Salinas. O tema foi objeto de audiência pública da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta sexta-feira (20/10/23), na Câmara Municipal do município do Norte de Minas. 

Representante da Multimodal Caravelas/Bahia, Fernando Cabral explicou o passo a passo necessário de agora em diante para a reconstrução da ferrovia Bahia-Minas, etapa considerada essencial para o escoamento da produção de lítio na região

“Já temos autorização desde fevereiro para a reconstrução e queremos ampliar de Araçuaí para Salinas, o que demandaria apenas uma comunicação da realização da obra ao governo federal. Vamos fazer um grupo de trabalho para a viabilidade econômica e potencial de cargas e acreditamos que esse potencial existe, inclusive duas empresas de lítio que estão na região já nos procuraram”, pontuou.

De acordo com Cabral, o projeto de Caravelas, no Sul da Bahia, a Araçuaí, Jequitinhonha, estudará a necessidade de terraplanagem, construção de viadutos e perfuração dos trilhos para a implantação da ferrovia. A partir daí, o projeto será apresentado à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o pedido de licenciamento ambiental será feito. Depois seria feita a licitação de execução da obra. 

E dentro dessa demanda, ao invés do projeto ir apenas até Araçuaí, a ideia é expandir até Salinas. “Primeiramente buscamos o transporte do minério e depois que a obra se pagar, podemos pensar em trem de transporte de passageiros”, afirmou. 

Ferrovia facilitaria transporte e escoamento do lítio

A diretora de Relações Governamentais da empresa Belo Lítio, subsidiária brasileira da Latin Resources, Marisa César, explicou que a expectativa da empresa é obter licenciamento ambiental em 2024 para a construção de sua base e operação na cidade de Salinas. Dessa forma, a exploração do lítio pela empresa australiana começaria efetivamente em 2026. 

“O lítio não é essencial apenas para a produção de baterias elétricas no País, mas para a mudança da nossa matriz energética, fundamental para que consigamos contornar os problemas com as mudanças climáticas e cumprir as metas da ONU para 2030. E a ferrovia teria um papel fundamental nisso, tornaria o transporte e escoamento do produto mais fácil e feito de forma mais hábil, o que nos ajudaria muito.”

Marisa César (A diretora de Relações Governamentais da empresa Belo Lítio, subsidiária brasileira da Latin Resources).

Representante da MG LIT (Lithium Ionic), Gilberto Pereira concordou com as ponderações da diretora da Belo Lítio. “Conseguimos a viabilidade econômica do projeto em Araçuaí e penso ser fundamental expandir para Salinas, onde uma preparação e infraestrutura são essenciais para concretizarmos o que queremos. Mas estou muito otimista porque em pouco tempo nosso grupo de pesquisa aqui na cidade já teve muito mais atenção e conseguimos resultados mais rápidos que em Araçuaí”, explicou.

Coordenador da 34ª Unidade Regional Salinas do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DER/MG), Wesley Fernando Cruz Santos afirmou que os estudos do trajeto de Araçuaí a Caravelas já fazem parte do Plano Estadual Ferroviário e colocou o DER à disposição para fazer os estudos da expansão para Salinas. 

“Além do lítio, temos potencial de exploração de minério de ferro, quartzo, de madeira de eucalipto e penso que escoar essas cargas pela via ferroviária, deixando as estradas para o transporte de passageiros, seria benéfico para todos. O trânsito ficaria mais ágil e mais seguro, com muitos menos acidentes e mortes nas nossas rodovias”, reforçou.

O prefeito de Salinas, Joaquim Neres Xavier Dias, pediu à Câmara Municipal agilidade para a aprovação do projeto que tramita na Casa e permitirá a inclusão de Salinas na reconstrução da ferrovia Bahia-Minas. 

“Não podemos perder essa oportunidade. Estamos trabalhando muito pelo lítio, mas sabemos que a exploração desse mineral terá um início e um fim e pensamos no futuro e queremos explorar outras vertentes para gerar empregos. Nosso futuro condomínio industrial se beneficiará muito dessa ferrovia”, frisou. 

Presidente da Comissão de Minas e Energia da ALMG e autor do requerimento para a realização da reunião, o deputado Gil Pereira (PSD) falou das grandes possibilidades da exploração do lítio na região, já que Minas Gerais possui 10% das reservas desse elemento do mundo. 

O deputado Arlen Santiago (Avante) reforçou que Salinas é uma cidade com grande potencial, que vai muito além de ser a já reconhecida capital mundial da cachaça. “Qualquer empresa que venha para cá receberá a estrutura adequada para crescer e junto com esse crescimento virão muitos benefícios para a nossa região”, completou.

Matéria encaminhada pela ALMG

Fotografia de Capa: Luiz Santana

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