Evento promovido pela ANTT reuniu especialistas para debater soluções e boas práticas para a segurança no transporte terrestre.

Na última semana,  nos dias 13 e 14 de maio, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) realizou, em Brasília, o 3º Workshop Vias Seguras. O evento reuniu especialistas e representantes de diversos setores para discutir temas relacionados à segurança viária e ferroviária. 

A diretora executiva da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Ana Patrizia Lira, foi uma das convidadas do encontro e participou do 10º painel – Segurança viária em movimento: o nosso papel na infraestrutura –, realizado na quarta-feira (14). Moderado pelo superintendente de infraestrutura rodoviária da ANTT, Fernando de Freitas Bezerra, o painel contou ainda com a presença de representantes da ABCR, CNTA e SUCON/ANTT, e promoveu debates sobre o papel das concessões na evolução da segurança ferroviária e viária. 

Entre os temas abordados estiveram as ações das concessionárias no combate a sinistros, investimentos em segurança, medidas adotadas em novos projetos de concessão e soluções para a convivência segura no compartilhamento de trilhos.

Durante sua participação, Ana Patrizia destacou o compartilhamento de vias entre o transporte de passageiros e o transporte de cargas, com ênfase na segurança da operação sobre trilhos. Ela observou que o transporte de passageiros sobre trilhos é essencialmente urbano e que, em locais como o estado de São Paulo, há uma convivência direta com o transporte de cargas. Como exemplo, citou a operação da ferrovia da MRS, que compartilha trilhos com a Linha 7, operada pela TIC Trens; com a Linha 10, operada pela CPTM; e com as Linhas 11 e 12, concessionadas recentemente ao Grupo Comporte.

“Esse transporte urbano é um transporte que no dia a dia é extremamente seguro. O setor metroferroviário transporta por ano 2,5 bilhões de passageiros. Se nós formos verificar a questão dos acidentes sem ser graves estamos falando de 0,37% e de acidentes graves 0,02%. Então é um transporte seguro e isso realmente depende, no estado de São Paulo, por exemplo, de uma correlação e de uma proximidade muito forte entre a operação do transporte de passageiros e do transporte de cargas”, afirmou.

Relação eficaz:

Ana defendeu que, para esse compartilhamento funcionar de forma eficaz, é essencial a construção de uma boa gestão entre os entes envolvidos. Segundo ela, como os operadores estão vinculados a diferentes órgãos reguladores – a MRS, por exemplo, supervisionada pela ANTT, e os operadores de passageiros sob responsabilidade dos órgãos do estado de São Paulo –, é necessário estabelecer convênios de cooperação técnica e operacional com regras claras para resolver as interferências durante a operação. 

Outro desafio apontado pela executiva está na harmonização de normas técnicas, que atualmente divergem entre os modais de cargas e passageiros. Além disso, a necessidade de homologação e fiscalização dos veículos que compartilham trilhos também é um ponto de atenção, pois esse convívio exige confiança mútua entre os operadores quanto à segurança da circulação nos trechos compartilhados.

“Essa sinergia entre o compartilhamento do transporte de cargas e passageiros é muito importante no dia a dia, seja em relação à contratualização, seja em relação à gestão, às normas técnicas e ambientais. Tendo um bom diálogo entre as duas partes, a gente felizmente não vem tratar aqui do acidente em si. Há intercorrências, interferências, mas é uma gestão que buscar dar segurança para o passageiro e confiabilidade para os contratos de carga”, declarou Ana Patrizia.

Segurança:

Ao ser questionada sobre a contribuição do setor metroferroviário para o fortalecimento da segurança no transporte, Patrizia reforçou que apesar do número de acidentes baixo, menos de 1%, “é importante registrar que uma perda no transporte é suficiente para que a gente faça um exercício de verificação, se há algo a mais a se fazer”.

“O setor de mobilidade urbana por trilhos é extremamente intensivo em tecnologia, mas ainda assim, a gente verifica que é importante, que dia após dia nós tenhamos esse cuidado de aplicar novas tecnologias, novas práticas para que realmente não tenhamos nenhum tipo de perda. A gente precisa passar também pela conscientização dos passageiros para que tenham cuidado e atenção aos avisos sonoros e às regras que devem ser seguidas tanto pelo operador como pelo usuário”, ressaltou.

As discussões do 3º Workshop Vias Seguras ocorreram na esteira da campanha Maio Amarelo, iniciativa voltada à conscientização da população sobre segurança no trânsito e à redução do número de acidentes e mortes no Brasil.

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